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Farmacognosia da Planta ao Medicamento: a importância do conhecimento das drogas vegetais para a saú



A fitoterapia tem origem da junção das palavras Phito que significa plantas e therapia que quer dizer tratamento. Baseado na etimologia da palavra podemos concluir que a fitoterapia tem como principal foco a terapia de doenças através da utilização das plantas. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a ANVISA, medicamentos fitoterápicos são fármacos obtidos pela utilização exclusiva de matérias-primas vegetais, ou seja, que possuem compostos exclusivamente vegetais, portanto aquelas drogas cuja sua composição contenham outras substâncias ativas sejam isoladas, sintéticas ou naturais, ou associações com extratos vegetais não são consideradas por não conterem exclusivamente extratos vegetais. É importante lembrar que qualquer produto farmacêutico, independentemente da forma farmacêutica como, extrato, tintura, pomada, cápsula ou outros que utilizarem matéria-prima extraídas de uma planta medicinal pode ser considerada fitoterápica.


Drogas fitoterápicas são caracterizadas por terem eficácia, qualidade e riscos da utilização destes compostos bem definidos e conhecidos, portanto a segurança e eficácia devem ser comprovadas através de documentações tecnocientíficas, ou estudos farmacológicos e toxicológicos. O controle desde o cultivo, plantio e produção dessas drogas é intenso justamente para garantir que a qualidade seja alcançada e esses medicamentos sejam efetivos nos tratamentos das respectivas enfermidades. Na fitoterapia também podem ser utilizadas as plantas medicinais e drogas vegetais, que devem, assim como as drogas fitoterápicas, passar por um rigoroso processo de produção visando a melhoria na qualidade de produção de metabólitos secundários pelas plantas.




farmacognosia da planta ao medicamento | temp



Pelo fato da fitoterapia ser um tratamento à base de plantas medicinais, drogas vegetais e medicamentos fitoterápicos há o errôneo conceito de que esse tipo de tratamento, por ser natural, não trazer consigo riscos de intoxicação ou de possíveis interações medicamentosas. Os riscos da utilização de medicamentos alopáticos são maiores por se tratarem de drogas sintéticas e semissintéticas, porém drogas naturais também podem trazer riscos por alta dosagem como drogas que possuam grande quantidades de metabólitos secundários ou até mesmo por sua metabolização no corpo, gerando compostos tóxicos ou diminuindo a excreção de toxinas ou metabólitos tóxicos de outros medicamentos que estejam em uso concomitante.


As plantas possuem princípios ativos naturais, que são também chamados de metabólitos secundários. Esses metabólitos são importantes para a defesa das plantas diminuindo a palatabilidade, gerando resíduos tóxicos para determinados predadores, possuem também ação antibacteriana, antiparasitária, antifúngica para evitar pragas de diversos tipos. Para o ser humano alguns desses metabólitos secundários possuem ações terapêuticas, o que leva a utilização destes compostos em diversos medicamentos.


O uso de plantas medicinais para tratamento de enfermidades é tão antigo quanto a própria existência humana. Os registros mais antigos remontam da Índia, com cerca de 3000 a.C, China, Egito e dos povos Sumérios, em torno de 2600 a.C em placas de argila (OLIVEIRA et al., 2018). A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que plantas usadas há séculos, ou seja, espécies que contam com tradicionalidade têm importância como recurso terapêutico, assim a OMS reconheceu oficialmente o uso de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos como práticas de saúde passíveis de serem incorporadas nos respectivos sistemas de saúde dos países. Portanto, existem diferentes etapas envolvidas no estudo farmacognóstico de uma planta:


3. Época da colheita do material e fatores que influenciam na composição química: existem fatores que influenciam na composição química de uma planta, os fatores climático: altitude, temperatura, latitude, hora da colheita, idade do vegetal, época da colheita, longitude, umidade, presença de luz/sombra. Os fatores ambientais: poluição, proximidade a lavouras e estradas, presença de lixo, toxinas, radioatividade, pesticidas e os fatores edáficos: solo poroso, pH do solo, teor de umidade do solo, composição do solo e fertilidade. As plantas medicinais podem ter um período do ano em que seus compostos químicos (metabólitos secundários) apresentam maior teor, sendo importante a colheita nesta fase do ano (OLIVEIRA et al., 2018).


O que desperta muito interesse em relação às plantas é que elas produzem uma imensa quantidade de compostos bioativos essenciais às suas funções fisiológicas e à sua sobrevivência, eles são denominados metabólitos primários e secundários. Esses metabólitos são provavelmente benéficos para a saúde humana, pois existem amplas evidências que muitas plantas possuem atividades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticarcinogênicas (JIANG, 2019). Os metabólitos primários são macromoléculas (aminoácidos, vitaminas, ácidos graxos, carboidratos, lipídeos, proteínas, ácidos nucleicos etc.) que desempenham funções vitais à vida do vegetal (fotossíntese, respiração, transporte de solutos etc.) (SIMÕES, 2017), (OLIVEIRA et al., 2018). Eles se encontram presentes de forma universal, ou seja, em grande concentração. Os metabólitos secundários (MS) são moléculas complexas, de baixa massa molecular e, embora, não sejam fundamentais para que uma planta complete seu ciclo de vida, garantem certas vantagens para sua sobrevivência, adaptação e perpetuação em um determinado ecossistema, alguns desses MS conferem atividades antibióticas, antifúngicas e antivirais que protegem a própria planta de patógenos ou atividade tóxica ou antigerminativa. Portanto, é ressaltado que os MS despertam grande interesse, não só pelas atividades biológicas próprias do vegetal e/ou induzidas por algum estímulo ambiental adverso, como também, devido ao seu elevado potencial terapêutico para o desenvolvimento e produção de medicamentos. Os MS conhecidos são os carotenoides, compostos fenólicos, alcalóides, compostos contendo nitrogênio e os compostos organossulfurados (SIMÕES, 2017; OLIVEIRA et al., 2018).


A humanidade sempre dependeu dos recursos naturais, principalmente quando se refere à saúde, e os medicamentos tradicionais continuam a representar a principal fonte de terapia para a maioria da população mundial (ALLARD et al., 2018). Consequentemente, as plantas são uma das melhores fontes renováveis, quase inesgotáveis de compostos bioativos (metabólitos), em que a complexidade e a enorme variabilidade química favorecem a sobrevivência e adaptação desses seres às mais distintas situações. E muitos desses compostos podem exercer efeitos fisiológicos benéficos para a saúde, melhorando a qualidade de vida além de possibilitar a preservação ambiental, sustentabilidade, o uso de subprodutos ou de partes de plantas desprezadas e assim, aumentar o valor agregado de seu produtos. A grande biodiversidade de plantas utilizadas em benefício da população é notável, mas torna-se necessário uma melhor distribuição de conhecimento dos efeitos provocados pelas mesmas, bem como a segurança no uso de plantas como recurso terapêutico (ARGENTA, 2011). Por isso, é de suma importância destacar a pesquisa voltada para o campo das plantas medicinais.


Sendo assim, muitos consumidores de plantas medicinais sentem-se encorajados por acreditarem que estes remédios, por serem naturais, são essencialmente seguros, mas as plantas, justamente por conterem toda essa quantidade de metabólitos, devem ser utilizadas sempre com orientação de um profissional, pois podem ocasionar mascaramento de sintomas, interações medicamentosas e toxicidade.


As plantas medicinais são aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso como medicamento em uma população ou comunidade. Para usá-las, é preciso conhecer a planta e saber onde colhê-la e como prepará-la. Normalmente, são utilizadas na forma de chás e infusões. Quando a planta medicinal é industrializada para se obter um medicamento, tem-se como resultado o fitoterápico.O processo de industrialização evita contaminações por microrganismos e substâncias estranhas, além de padronizar a quantidade e a forma correta que deve ser utilizada, permitindo uma maior segurança de uso. Os fitoterápicos industrializados devem ser regularizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes da comercialização.


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